ÒMOLÚ
Òmolú ou Obaluaiyè (os nomes se referem as fases míticas, onde o mesmo deus seria mais jovem ou mais velho), é a energia que rege as pestes como a varíola, sarampo, catapora e outras doenças de pele. Ele representa o ponto de contato do homem (físico) com o mundo (a terra).
A interface pele/ar. A aparência das coisas estranhas e a relação com elas. Ele também rege as doenças transmissíveis em geral. No aspecto positivo, ele rege e cura, através da morte e do renascimento.
Diz o mito que Òmolú é filho de Nànà (a lama primordial de que foram feitas as cabeças – Ori – humanas) e Òsáálá tendo nascido cheio de feridas e de marcas pelo corpo como sinal do erro cometido por ambos, já que Nànà seduziu Òsáálá , mesmo sabendo que ele era interditado por ser o marido de Yemonjá.
Ao ver o filho feio e malformado, coberto de varíola, Nànà o abandonou à beira do mar, para que a maré cheia o levasse. Yemonjá o encontrou quase morto e muito mordido pelos peixes, e tendo ficado com muita pena, cuidou dele até que ficasse curado. No entanto Òmolú ficou marcado por cicatrizes em todo o corpo, e eram tão feias que o obrigavam a cobrir-se inteiramente com palhas. Não se via de Òmolú senão suas pernas e braços, onde não fora tão atingido. Aprendeu com Yemonjá e Òsáálá como curar estas graves doenças. Assim cresceu Òmolú, sempre coberto por palhas, escondendo-se das pessoas, taciturno e compenetrado, sempre sério e até mal-humorado
Um dia, caminhando pelo mundo, sentiu fome e pediu às pessoas de uma aldeia por onde passava que lhe dessem comida e água. Mas as pessoas assustadas com o homem coberto desde a cabeça com palhas expulsaram-no da aldeia e não lhe deram nada. Òmolú, triste e angustiado, saiu do povoado e continuou pelos arredores, observando as pessoas. Durante este tempo os dias esquentaram, o sol queimou as plantações, as mulheres ficaram estéreis, as crianças cheias de varíola e os homens doentes. Acreditando que o desconhecido coberto de palha amaldiçoara o lugar, imploraram seu perdão e pediram que ele novamente pisasse na terra seca
Ainda com fome e sede, Òmolú atendeu ao pedido dos moradores do lugar e novamente entrou na aldeia, fazendo com que todo o mal acabasse. Então homens os alimentaram e lhe deram de beber, rendendo-lhe muitas homenagens.
Foi quando Òmolú disse que jamais negassem alimento e água a quem quer que fosse, tivesse a aparência que tivesse. E seguiu seu caminho
Chegando à sua terra, encontrou uma imensa festa dos òrisás. Como não se sentia bem entrando numa festa coberto de palhas, ficou observando pelas frestas da casa. Neste momento Iansã, a deusa dos ventos, o viu nesta situação e, com seus ventos levantou as palhas, deixando que todos vissem um belo homem, já sem nenhuma marca, forte, cheio de energia e virilidade.
E dançou com ele pela noite adentro. A partir deste dia, Òmolú e Iansã-Balé se uniram contra o poder da morte, das doenças e dos espíritos dos mortos,evitando que desgraças aconteçam entre os homens
Os Yorubas acreditam que este mito nos mostra que o mal existe, que ele pode ser curado, mas principalmente que é preciso ter consciência do momento em que ele terminou, sabendo recomeçar após um violento sofrimento. Òmolú rege também a força da terra (herdado de sua filiação a Nànà), a umidade dela (por sua adoção por Yemonjá) e as doenças das plantações
Símbolo:Xaxará (um tubo de palha trançada com sementes mágicas e segredos dentro)
Saudação: Atotô!