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Obá
Obá


OBÁ

Òrisá guerreira, considerada até como uma Iansã velha. Senhora do rio Obá, na Nigéria, patrocinadora de conflitos, energia que se desenvolve nos coriscos. Mulher de Sàngò.

Na natureza, Obá está ligada às enchentes, às cheias dos rios, às inundações. É ela quem vai reger todos esses fenômenos, sejam naturais ou provocados por erros humanos. Seu encantamento é feito desta forma, quando um rio transborda, inundando tudo.

Obá está presente também nos coriscos, poder que lhe foi dado pelo marido Sàngò, pois ela também tem ligação com a energia elétrica, a eletricidade. É poderosa, sábia, madura e realista.

Na vida dos seres humanos, Obá rege a desilusão amorosa, a tristeza, o sentimento de perda, o ciúme, a incapacidade do homem de ter aquilo que ama e deseja. Obá é a raiva, a solidão, a depressão, o sentimento de abandono.

Obá é também a frustração do homem e da mulher. Embora a lenda diga ser Obá uma guerreira, vencedora, ela consegue seu encantamento nas desilusões e frustrações, na derrota.

Pela lenda, Obá foi enganada por Òsún, que a levou a corta sua própria orelha para oferecer a Sàngò, Ele, num gesto de repugnância, expulsou-a de seu reino. E toda essa dor, essa desesperança, esse abandono, ficou com marca registrada de Obá, e tais sentimentos tem a sua regência. Quando nos sentimos traídos, abandonados, sem esperança, com raiva, frustrados em nossos objetivos, desencadeamos essa força da  natureza chamada Obá, que mexe no nosso interior. E a lógica diz que Obá é a “ultima gota”, que faz transbordar nossos sentimentos. Daí sua regência também nas enchentes e inundações. É um ato de excesso, de excesso, de explosão, de revolta, desencadeado por esta força cósmica. Se um rio enche e transborda, é porque não suporta mais o volume de água, deixando escapar “aquilo que já não cabe mais”. Isso é Obá, essa é a sua regência, seus encantamentos, sua influência.

Obá é o desabafo: “ já não suporto mais...” , é a agitação do sentimento indevidamente mexido, afetado por algo ruim.

Uma vez  banida do reino de Sàngò, Obá se transformou numa guerreira poderosa e perigosa. Costumava vencer todos os seus opositores com relativa facilidade. Obá também possui grande beleza física, que, aliada à sua determinação, coragem e equilíbrio, fazia dela uma pessoa especial.

E o desejo de possuir tão bela e corajosa guerreira, levava muito a se confrontar com ela, mas saíam sempre derrotados. E a noticia chegou ate Ògún, rei de Ire e, guerreiro invencível.

O mensageiro trouxe a noticia:

- Meu senhor, ela é invencível!

- Eu sou invencível!, Rebateu Ògún, ao mensageiro.

- Mas ela é poderosa. Ainda não foi derrotada, Senhor!

- É porque ela não enfrentou Ògún! Disse o próprio.

E Ògún  mandou que seu mensageiro fosse avisar a Obá que ele, Ògún, iria enfrentá-la, derrotá-la e possuí-la.

Obá recebeu a mensagem e retrucou:

- Que assim seja...

Ògún  partiu de Ire, em busca de sua poderosa adversária  e tinha em mente tomá-la  para si. No campo, onde a luta seria travada, Ògún chegou primeiro e, como bom caçador, montou a armadilha para derrotar Obá. Mandou que seus homens triturassem uma grande quantidade de quiabo e passassem pelo chão. Assim, Obá não conseguiria ficar de pé e seria facilmente vencida.

 

 

 

A hora chegou. Ambos estavam presentes ao campo de batalha. De um lado Ògún, o guerreiro violento e imbatível. Do outro, Obá, a guerreira bela e invencível. No meio, entre um e outro, a armadilha preparada por Ògún.

Olharam-se, estudaram-se e Obá tomou a iniciativa. Partiu para cima do adversário, sem perceber o quiabo espalhado pelo chão. O tombo foi imediato. Obá não conseguia firmar-se de pé. Ògún, que a tudo observava, lentamente dirigiu-se à sua adversária, empunhando a espada. Obá, sentindo que seria vencida, num rápido movimento, puxou Ògún para si, fazendo com que o guerreiro também escorregasse e caísse em sua própria armadilha.

Foi uma grande luta! Não de cruzamento de espadas, mas para ficar de pé. Durante horas e horas tentaram os dois, em vão erguer-se e derrotar o oponente, mas não conseguiram ao menos colocar os dois pés no chão, sem escorregarem em seguida. Lutaram até a fadiga total e declararam um empate. Não havia vencedor nem perdedor. Ògún, o invencível, não conseguiu vencer Obá, Por sua vez, Obá não conseguiu derrotar o poderoso Ògún.

Ali mesmo amaram-se, em respeito à força e ao encanto do outro. Afinal, são dois verdadeiros guerreiros. Ògún ainda tentou levá-la para si, mas o coração de Obá pertencia, pela eternidade, a Sàngò.

E ela partiu para encontrar seu próprio destino, mesmo com dor no coração.

 Dia: quarta-feira;

Data: 30 e 31 de maio;

Metal: Cobre;

Cor: marrom-rajado;

Comida: Abará (massa de feijão fradinho cozido enrolado em folhas de bananeira), acarajé.   

Arquétipos: são pessoas valorosas; incompreendidas; suas tendências, um pouco viris, fazem-na freqüentemente voltarem-se para o feminismo ativo; as suas atividades militantes e agressivas são conseqüências infelizes ou amargas por elas vividas. Os seus insucessos devem-se a um ciúme um tanto mórbido, entretanto, encontra compensações para as frustrações e sofrimentos em sucessos materiais.

Símbolos: ofangi (espada) e um escudo de cobre.