LÒGÙNÉDÉ
É o resultado do encanto, ou do encantamento, de Òsóósí Ibualama e Òsún Ieopondá. Divindade dos rios, Senhor da Pesca, que vive seis meses com o pai, Òsóósí na caça e seis meses, com a mãe Òsún, na água doce. Erradamente considerado como um Òrisá “meta-meta”, ou seja, de dois sexos, Lògùnédé é um Òrisá masculino, embora divida o tempo com os pais.
Lògùnédé é a beleza em pessoa. O encanto dos jovens, o namorado, o flerte. Lògùnédé rege a ingenuidade do jovem, a adolescência, a beleza adolescente. Seu encanto está no primeiro beijo, no primeiro abraço, na primeira oportunidade das “mãos-dadas”, no primeiro carinho.
Está presente no brilho do olhar, no perfume das flores, numa paisagem singela. É também o deus da arte, o principio daquilo que é belo e terno. É o príncipe das águas doces, da caça, da alegria e da jovialidade.
Encontramos Lògùnédé num grupo de jovens, na musica que os aproxima, no conhecimento e no encontro, na alegria de viver livremente. Porém, encontramos Lògùnédé também nas intrigas, nos segredos maldosos, pois ele é capcioso, matreiro, inventivo, meio moleque.
Mas, Lògùnédé rege fundamentalmente o carinho, o gesto meigo, o afago, pois se trata de um Òrisá extremamente dengoso, dependente, ciumento, singelo e manhoso.
É o deus da juventude, dos estudos. Sua presença é marcante nos colégios, escolas, faculdades, enfim, em todas as instituições de ensino, onde se concentram os jovens.
Lògùnédé é o encanto, o sorriso, o piscar de olhos, a vida jovem e ativa. Também está encantado no mato baixo, nas matas pouco densas e, principalmente, nos rios, sua morada predileta.
Está ligado – como o pai, Òsóósí – às artes de pintar, esculpir, escrever, dançar, cantar e a todas as atividades. Está ligado ao banho, pois também é filho de Òsún, deusa das águas doces.
Resumindo, Lògùnédé rege o romance, o namoro, as amizades, sendo ele o responsável pelos gestos amigos e sinceros entre as pessoas. Está encantado, também, nos pequenos animais, como o coelho, o porquinho da índia e os pequeninos pássaros.
Lògùnédé sempre foi considerado como príncipe, filho de reis. Menino arisco, teimoso, levado, brincava sempre além dos limites da regência de sua mãe Òsún, que era a cachoeira. Porém, era admirado por todos, e muito querido também.
Certo dia, o príncipe Lògùnédé, contrariando as ordens do pai e da mãe para que não brincasse perto do rio por ser perigoso, resolveu arriscar, atravessando de uma margem à outra, montando num tronco de árvore.
Subitamente, o tronco virou e Lògùnédé foi para no fundo do rio. Mesmo sendo bom nadador, Lògùnédé não conseguia chegar à tona.
Aflitos, e pressentindo algo de errado, Òsóósí e Òsún, seus pais, resolveram ir atrás dele e chegaram até o rio. O coração de mãe não se enganou. Òsún sabia que filho estava no fundo do rio e apelou para a força de Olorun, a fim de recuperar seu primogênito.
- Pai,- disse ela – não deixe que meu filho se afogue. Eu sou a Rainha das águas doces, e não poderia perder meu filho justamente no fundo de um rio. Salve-o Pai, salve-o!
E Òsóósí também apelou ao pai Olorun:
- Não deixe que meu filho morra Olorun, não permita!
E Olorun, atendendo aos pedidos do deus da caça e da deusa das cachoeiras, ergueu Lògùnédé do fundo do rio e advertiu:
-Ai está seu filho que, por sua teimosia, quase perde a vida. De agora em diante fica Lògùnédé , com a obrigação de zelar pelos rios e prover a pesca.
E, assim, Lògùnédé passou a reinar nos rios, a cuidar deles e ajudar aos pescadores.
O elemento de Lògùnédé está ligado aos pais: terra e água, dando a ele os poderes do pai e os da mãe.
Dia: quinta feira;
Data: 19 de abril;
Metal: Ouro;
Cor: azul celeste e amarelo;
Comida: Asòsò (feita com milho amarelo e coco) e omòòlucun (feita com feijão fradinho e ovos);
Arquétipo: altruístas, abnegado, sinceros, simpáticos, tensos, austeros, possuem senso de coletividade, calmos, desprendidos, inconstantes, vaidoso e sonhadores.
Símbolos: abèbè e ofá