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Conhecendo um pouco mais sobre a origem do culto aos Orixás
Conhecendo um pouco mais sobre a origem do culto aos Orixás

Os navios negreiros que chegaram ao Brasil entre os séculos XVI e XIX transportavam bem mais do que africanos para trabalhar como escravos aqui. Em seus porões viajava uma estranha religião,sob o ponto de vista dos portugueses. Considerada então como feitiçaria, um século depois da abolição da escravatura,ela tornou-se uma das religiões mais populares em nosso pais.



Diariamente,milhares de brasileiros se reúnem ao som de batuques e com muita música e dança fazem uma verdadeira festa em homenagem as divindades desta religião trazida da África. A Federção Nacional de Tradição(Fenatrab) garante que há cerca de 70 milhões de brasileiros ligados direta ou indiretamente aos terreiros,sejam eles praticantes assíduos ou clientes ocasionais que vão pedir a bênção ou ajuda ao mundo sobrenatural.
Na África existem mais de 200 orixás,porém,na vinda dos escravos para o Brasil,grande parte dessa cultura se perdeu.
Atualmente,o número de orixás bem conhecidos no país é de cerca de dezesseis,sendo que os mais cultuados são doze,já que Obá,Logun Edé,Ewá e Irocô raramente se manifestam nas festas e rituais. o culto a esses orixás ainda está em ascensão.
Sentados em bancos rústicos de madeira,os homens na fileira à diereita da porta e as mulheres na fileira esquerda,preparam-se para assistir a um dos maiores espetaculos da civilização brasileira: o Culto aos Orixás. A separação é feita para incutir respeito aos visitantes,pois trata-se de um templo sagrado,portanto,local proibido para troca de olhares e eventuais namoros.
A decoração,apesar de simples,é muito bonita - feita com flores,folhas de palmeira e bandeirolas - tudo ali tem um colorido exuberante que prende o olhar,como se de repente tudo se tornasse encantado,num mundo de sonhos que estabelece o elo entre o sobrenatural e a Terra.
Porém,o que o público ali assiste faz parte de um ritual que começou horas antes. A preparação da festa não é permitida ao público;somente os membros da comunidade de santo,ou seja,do terreiro,podem participar dessa preparação que começa na madrugada anterior - incluindo sacrificio de animais,preparação das comidas de santo,decoração do barracão e despachos para iniciarem a cerimõnia - e dura o dia inteiro.
Finalmente,às 21horas,a cerimônia é iniciada com a permissão para a entrada do público. Soam os tambores,pois sem música não existe cerimônia,e ao som dos três atabaques,rum,rumpi e lê,os deuses são invocados do Orum, num chamado de caridade,já que seus filhos na terra precisam de ajuda ou pretendem homenagiá-los por uma graça já recebida.
Os orixás são invocados com cantigas próprias e os filhos-de-santo entram na roda,um a um,na chamada ordem do xirê: primeiro entra o filho de Ogum,seguido pelos filhos de Oxóssi,Obaluaiê,e assim por diante. Aos poucos os integrantes da roda vão entrando em transe,o corpo estremecendo em convulsão,ora suavimente,ora com violência,incorporando os Orixás.
Quando os Orixás descem,cada qual dança sozinho uma coreografia que expressa a sua origem.
Quando faltam poucos minutos para a meia-noite,os atabaques soam as cantigas de Oxalá: é chegada a hora de saudar o criador dos homens. É hora da comunhão com os deuses e os pratos são servidos aos participantes da festa,que chega ao fim.